sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Então um dia o bicho aquietou
depois de muito movimento,
com um certo medo ela pensou:
é trégua que acaba em pouco tempo.

Silêncio, alívio.
Ausência de inquietação,
o ar lhe escapa pesado da boca: ufa
e enxuga a testa, depois da luta

Desconfiada,  espera
que a besta-fera criada
tenha abandonado a morada
que fez do seu pensamento.

Em silêncio
olha pros lados, segura em sua solidão,
exausta, cede
Sutura.

Rompe o laço de dúvida
com a certeza dúbia,
dos que fazem preces.

O silêncio continua, a ausência.
Ela repousa, recolhe as armas
desliza no sono, se entrega
a um sonho qualquer, sem resistir.

Lê, no sonho que atravessa:
quem dorme não vê
que o que cessa
continua dormente a existir.